Estudo Panorama do Acesso à Educação Infantil no Brasil, realizado pelo Todos Pela Educação divulga que cerca de 2,8 milhões de crianças de 0 a 3 anos estão fora das creches
No Brasil, a educação infantil é um direito garantido pela Constituição, mas ainda está longe de ser uma realidade para milhões de crianças. Segundo o estudo Panorama do Acesso à Educação Infantil no Brasil, cerca de 2,8 milhões de crianças de 0 a 3 anos estão fora das creches. Esse dado revela não apenas uma lacuna educacional, mas também um espelho das desigualdades sociais e raciais que persistem no país. A ausência de crianças nas creches não se deve à falta de interesse das famílias, mas sim à falta de vagas, infraestrutura adequada e planejamento público. Em regiões como o Amapá e o Acre, menos de 20% das crianças têm acesso à creche. Já em estados como São Paulo e Santa Catarina, esse número ultrapassa os 50%, evidenciando uma disparidade regional gritante. Além disso, o acesso à creche está diretamente ligado à renda familiar. Enquanto 60% das crianças mais ricas frequentam creches, apenas 30,6% das mais pobres conseguem uma vaga. Isso mostra que a creche, embora não obrigatória, é um serviço essencial para garantir igualdade de oportunidades desde os primeiros anos de vida. Em Santa Catarina, os índices de acesso à creche têm avançado, mas ainda enfrentam desafios significativos. Santa Catarina é um dos poucos estados que superaram a marca de 50% de cobertura para crianças de 0 a 3 anos em creches. Em 2024, o estado atingiu cerca de 50% de atendimento, enquanto a média nacional ficou em 41,2%, mas ainda com déficit de vagas expressivo. Segundo levantamento do Ministério Público de SC, o estado precisa criar mais de 43 mil vagas em creches até 2025 para cumprir as metas dos Planos Municipais de Educação. Mas há desigualdade regional dentro do estado. Enquanto cidades como Concórdia, Pinhalzinho e São Miguel do Oeste já atendem mais de 70% das crianças de 0 a 3 anos, municípios como Florianópolis, São José e Joinville têm os maiores déficits em números absolutos. Mesmo com a boa média estadual, cerca de 12,1% das crianças seguem fora da creche por falta de acesso — seja por ausência de vagas, distância ou idade.
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