A retórica de Donald Trump frequentemente se apoia em valores como liberdade de expressão, democracia e livre mercado, mas suas ações mostram uma abordagem mais pragmática e, em muitos casos, coercitiva
Trump exigiu que 17 grandes empresas farmacêuticas reduzissem os preços dos medicamentos nos EUA, sob ameaça de represálias. Ele deu um prazo de 60 dias e afirmou que usaria “todas as ferramentas” disponíveis para proteger os americanos de práticas abusivas. A justificativa é que os preços nos EUA são até três vezes maiores que em países desenvolvidos. Ele promove a política de “nação mais favorecida”, que vincula os preços internos aos menores valores pagos internacionalmente. O Canadá anunciou que pretende reconhecer o Estado Palestino em setembro. Trump reagiu dizendo que isso dificultaria um acordo comercial entre os dois países. Ele ameaçou aplicar tarifas de até 35% sobre produtos canadenses, insinuando que o reconhecimento da Palestina seria uma “recompensa ao Hamas”3. Isso mostra como ele usa o comércio como ferramenta de pressão política. Trump impôs tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e sancionou o ministro Alexandre de Moraes, alegando perseguição política contra Jair Bolsonaro. A medida foi vista como uma tentativa de interferência direta no Judiciário brasileiro. A imprensa internacional classificou isso como um “ataque à democracia” e uma forma de pressionar o Brasil por questões ideológicas. Trump chegou a insinuar que poderia deportar Elon Musk, cidadão americano naturalizado, após o bilionário criticar seu pacote fiscal e ameaçar criar um novo partido político. Embora a deportação de cidadãos naturalizados seja extremamente rara e juridicamente complexa, a ameaça foi feita publicamente, o que levanta sérias questões sobre liberdade de expressão e retaliação política. Em resumo, Trump parece usar o poder econômico e diplomático como alavanca para impor sua visão política — mesmo que isso entre em conflito com os princípios que ele diz defender. É uma abordagem que mistura populismo, nacionalismo econômico e uma dose de autoritarismo estratégico.
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