Enquanto parlamentares dizem esperar medidas adicionais de redução dos gastos, governo pergunta quais eles estariam dispostos a aprovar
O impasse entre o Congresso e o governo no debate fiscal brasileiro tem raízes em uma combinação de interesses políticos, resistência a cortes de privilégios e divergências sobre como equilibrar as contas públicas. Por um lado, o governo federal, pressionado a cumprir metas fiscais ambiciosas, propôs medidas como o aumento do IOF, a taxação de aplicações financeiras antes isentas (como LCIs e LCAs), e a elevação de tributos sobre apostas e instituições financeiras. Essas ações visam arrecadar cerca de R$ 20 bilhões em 2025. Por outro lado, o Congresso — mesmo cobrando responsabilidade fiscal — tem barrado justamente as propostas que poderiam reduzir gastos ou aumentar receitas sem afetar a população em geral. Projetos como o que combate os “supersalários” no serviço público e a reforma da previdência dos militares estão travados, apesar de não envolverem aumento de impostos. Além disso, há forte resistência política ao aumento de tributos em ano pré-eleitoral. Parlamentares temem o desgaste com seus eleitores e preferem manter benefícios como emendas parlamentares, mesmo que isso comprometa o ajuste fiscal. O pano de fundo é uma disputa por protagonismo e controle do orçamento. Enquanto o governo tenta corrigir distorções e ampliar a arrecadação, o Congresso busca preservar seus espaços de influência e evitar medidas impopulares. O resultado é um jogo de empurra que ameaça tanto a credibilidade fiscal quanto a capacidade de investimento do Estado.
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