Críticas de Lula ao Banco Central ou pressão externa levaram dólar a R$ 5,65 na terça-feira (2)?
O segundo semestre começou com o dólar subindo R$ 0,07 em relação ao último pregão. Há motivações internas e externas para a alta de 1,15%, que levou a moeda americana a R$ 5,65, maior valor desde 10 de janeiro de 2022. Internamente, houve novo ataque do presidente Lula ao Banco Central. Ele criticou o fato de estar há dois anos “com o presidente do BC do Bolsonaro”. Apesar disso, ponderou, na entrevista à rádio Princesa, em Feira de Santana (BA), que a autonomia do BC foi aprovada pelo Congresso e será respeitada. “Eu tenho que, com muita paciência, esperar a hora de indicar o outro candidato, e ver se a gente consegue ter um presidente do BC que olhe o país do jeito que ele é, e não do jeito que o sistema financeiro fala”, disse. Lula tem criticado a atuação do BC e de seu atual presidente, Roberto Campos Neto, com mandato até o fim deste ano. Na semana passada, Campos Neto admitiu ser amigo há muitos anos do governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas, possível adversário de Lula nas eleições de 2026, mas defendeu sua autonomia como gestor. Segundo ele, as falas do presidente impactam negativamente os preços de mercado e podem dificultar a atuação da autoridade monetária. A alta do dólar pela quinta sessão seguida também se deve à pressão dos rendimentos dos títulos do Tesouro americano, o que justifica a valorização global da moeda americana, que registrava alta no exterior desde o início do dia. “O mercado está tendo dificuldade de encontrar um nível para o dólar que seja factível com as expectativas”, afirma o gerente de tesouraria do Banco Daycoval, Otávio Oliveira da Silva. “E cautela em um ambiente de incerteza local muitas vezes se traduz em comprar dólar.” No ano, a alta da moeda brasileira é de 16,49%.